A CAPITAL DA RAPADURA

A cidade de Pindoretama é também conhecida com a Capital da Rapadura. Nas margens da CE-040, no trecho da rodovia que atravessa o município, as pessoas que trafegam entre Fortaleza e as praias do litoral leste do Ceará se deparam com um grande número de engenhos.
Um deles é o Complexo Tradição, que fica no Km 48 da rodovia, o qual foi motivo de reportagem ao fazer em 2013 "a maior rapadura do mundo". (*)
O Portal de Messejana (vídeo) informou que essa rapadura gigante foi produzida a partir de 60 toneladas de cana. Obtendo-se do processamento dessa cana uma rapadura com 4 metros de comprimento, 2 metros de largura e 30 centímetros de altura, e que pesou 4,5 toneladas.

Os engenhos de rapadura, ao que tudo indica, originaram-se nas Ilhas Canárias e existem no Nordeste brasileiro desde o século 17. No Ceará, destacam-se os das regiões do Cariri e da Serra do Ibiapaba. Em Pernambuco, os engenhos de rapadura se concentram no Sertão, sendo os municípios de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde os maiores produtores. Na Paraíba, os dois grandes polos são a região do Brejo e o Sertão.
No início, suas moendas eram de madeira e movidas a água ou tração animal (cavalos e bois). No século XIX, surgiram as moendas de ferro, usando-se ainda o mesmo tipo de tração. Depois os engenhos evoluíram passando a ser movidos a vapor, óleo diesel e finalmente a eletricidade.
O Matraqueando dá a receita da rapadura:
Primeiro, a cana é moída e depois levada ao fogo. Os tachos borbulham por horas. O caldo dourado é remexido sem parar até atingir o ponto ideal de "mel", quando então é transferido para um panelão, onde cozinha mais um pouco até começar a se soltar do caldeirão. A finalização tem que ser rápida para que a "massa" não endureça antes do tempo. Formas de madeira recebem o doce que, em pouco mais de 15 minutos, está pronto para o consumo.
Em seu livro "Sociologia do Açúcar", Câmara Cascudo diz que "a rapadura foi o doce das crianças pobres, dos homens simples, regalo para escravos,cangaceiros, vaqueiros e soldados".
A rapadura está presente na mesa do sertanejo. É o adoçante do café, do leite, da coalhada. É consumida com farinha, mungunzá, carne de sol, paçoca, cuscuz, milho cozido. Não há casa sertaneja sem farinha e rapadura.
Apesar disso, uma empresa alemã (sem qualquer tradição no ramo) chegou a registrar, algum tempo atrás, nos escritórios de marcas e patentes da Alemanha e dos Estados Unidos, a marca "rapadura". Mas depois, graças à firme intervenção do governo brasileiro, a empresa desistiu de reclamar a propriedade do termo genérico deste produto que é tipicamente nordestino.
(*) Este título em poder de Pindoretama é contestado por Santa Cruz da Baixa Verde, em Pernambuco, onde fizeram uma rapadura de 5 toneladas, em 2009.
Fontes
http://www.matraqueando.com.br/tag/engenho-tradicao-pindoretama
https://youtu.be/xV9f_RgcNp8  4,5 ton 2013
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&id=263
http://extra.globo.com/noticias/economia/empresa-alema-retira-registro-da-marca-rapadura-547185.html
https://youtu.be/esgdvkT4jVY

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